sábado, 2 de outubro de 2010

SOBRE O QUE PASSOU



                        Às vezes me lembro dele. 
Sem rancor, sem saudade, sem tristeza. 
Sem nenhum sentimento especial a não ser a certeza de que, afinal, o tempo passou. Nunca mais o vi, depois que foi embora. 
Nunca nos escrevemos. 
Não havia mesmo o que dizer. 
Ou havia? 
Ah, como não sei responder as minhas próprias perguntas! 
É possível que, no fundo, sempre restem algumas coisas para serem ditas. 
É possível também que o afastamento total só aconteça quando não mais restam essas coisas e a gente continua a buscar, a investigar — e principalmente a fingir. 
Fingir que encontra. 
Acho que, se tornasse a vê-lo, custaria a reconhecê-lo.”

amigo caio fernando de abreu

por que as vezes acontece dessas pausas...

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